Brasileiros se Rendem à Inteligência Artificial, Mas Temem Perda da Conexão Humana

Written by: Ursula Santos

O uso da inteligência artificial no Brasil avança rapidamente, consolidando-se como uma ferramenta essencial tanto para fins profissionais quanto educacionais. De acordo com um levantamento recente da PiniOn, uma em cada três pessoas no país utiliza recursos baseados em inteligência artificial diariamente, revelando um crescimento significativo no engajamento com essa tecnologia. No entanto, apesar da familiaridade crescente com a inteligência artificial, ainda existem temores generalizados quanto aos seus impactos sociais, especialmente no que diz respeito ao distanciamento entre as pessoas e a substituição de funções humanas.

O estudo, que ouviu mais de 900 pessoas de todas as regiões do Brasil, destaca que a maioria dos jovens entre 18 e 34 anos faz uso da inteligência artificial para fins educacionais. Já os adultos com mais de 35 anos concentram o uso da inteligência artificial em atividades relacionadas ao trabalho. Esse comportamento indica que, embora a tecnologia esteja presente no cotidiano de diferentes gerações, suas aplicações variam conforme os desafios e necessidades de cada faixa etária. Ainda assim, a confiança plena na tecnologia permanece limitada, com muitos usuários realizando múltiplas interações antes de obterem a resposta esperada.

Uma das ferramentas mais lembradas pelos brasileiros quando se trata de inteligência artificial é o ChatGPT, o que demonstra a popularidade e o reconhecimento da tecnologia no país. Aproximadamente 70% dos usuários afirmam que recorrem à inteligência artificial para esclarecer dúvidas, mas nem sempre os resultados são satisfatórios de imediato. Pelo menos metade dos entrevistados relataram que precisam enviar dois ou três comandos até receberem uma resposta que atenda às suas necessidades, evidenciando a necessidade de uma melhor compreensão da linguagem usada para se comunicar com essas plataformas.

Apesar do uso crescente da inteligência artificial, a pesquisa também revela preocupações importantes. Cerca de 45% dos brasileiros ouvidos acreditam que a dependência excessiva da inteligência artificial pode levar ao enfraquecimento dos vínculos humanos. Outros 35% expressam receio de serem substituídos em seus trabalhos ou de parecerem menos competentes por utilizarem inteligência artificial em suas tarefas. Essas apreensões evidenciam que, embora útil, a inteligência artificial ainda provoca inseguranças sobre o futuro do trabalho e das relações interpessoais.

A pesquisa também identificou uma diferença de percepção entre homens e mulheres quanto ao uso da inteligência artificial. Enquanto 43% dos homens se declaram confortáveis com a tecnologia, apenas 33% das mulheres compartilham da mesma opinião. O levantamento aponta que os homens tendem a se tornar mais dependentes da inteligência artificial, enquanto as mulheres veem riscos na perda de capacidade crítica e autonomia intelectual. Essas distinções reforçam a importância de considerar o fator de gênero nas estratégias de educação digital e letramento tecnológico.

Além do uso prático, 69% dos participantes acreditam que a inteligência artificial será essencial para a análise de cenários futuros, tanto econômicos quanto sociais. Isso mostra que há um reconhecimento da capacidade estratégica da inteligência artificial, indo além da simples automação de tarefas. Ao mesmo tempo, esse dado reforça a urgência de educar a população para o uso consciente e ético da tecnologia, especialmente em áreas sensíveis que envolvem tomada de decisões importantes.

Outro ponto relevante é o uso da inteligência artificial como ferramenta de apoio à produtividade. Muitos profissionais já incorporam o uso de inteligência artificial em suas rotinas, seja para redigir textos, gerar ideias, interpretar dados ou otimizar processos. Mesmo diante do medo de substituição no mercado de trabalho, é crescente a percepção de que a inteligência artificial pode servir como aliada na execução de tarefas mais complexas, desde que usada com critério e responsabilidade.

O avanço da inteligência artificial no Brasil é inegável, mas precisa ser acompanhado por políticas públicas, ações educativas e regulamentações que garantam seu uso ético e seguro. O debate sobre os limites e as potencialidades da inteligência artificial não deve ignorar os receios da população, sobretudo quando esses estão ligados à exclusão social, desigualdade de acesso e perda de habilidades humanas. À medida que a inteligência artificial se torna cada vez mais presente na vida dos brasileiros, é fundamental que sua adoção seja orientada por princípios que preservem o valor do humano no centro da inovação.

Autor: Ursula Santos

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